quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um conto em construção - DESTAS E DE OUTRAS TERRAS

A TRAJETÓRIA DE UM ESPÍRITO ANGUSTIADO DAS TREVAS À LUZ
Ouvia agora uma voz que partia de meu íntimo, escuro, esquecido e sombrio eu. Só percebi que a dor aguda que sentira e que me fizera cair ao chão seguido ao estampido seco era a minha trágica despedida destas terras de sombras em que vagava já faziam trinta anos.
Aos meus pés, meu corpo inerte em meio a uma poça de sangue que teimava em crescer e vencer seus limites me dava a certeza de que tudo havia terminado... Mas como se eu ainda estava ali, atorduado em meio a um mundo caledoscópio, tendo a meus pés meu próprio corpo já sem vida. Tudo estava muito confuso. Acabara de ceifar minha própria vida por um amor não correspondido, prova do desespero e insanidade que caminhavam ao meu lado desde que conheci Carolina.
Era então o final de tarde do dia 25 de maio de 1860 e o estampido seco de minha arma atraiu minha mãe e minha irmã ao gabinete de leitura de nossa casa onde já encontraram meu corpo sem vida.
Mamãe abraçava meu corpo sem vida em meio a prantos sem fim. Se soubesse que causaria tanta tristeza ao já sofrido coração de mamãe que acompanhara dia a dia meu definhar de amor, com certeza não teria tomado tal decisão. Um arrependimento apertava ainda mais meu coração ao ve-la em tal sofrimento.
Com o cair da noite mais e mais pessoas entravam no casarão que me serviu de casa, no bairro de São Cristovão, para consolar mamãe e minha pequena irmazinha Laura, e também para matar a curiosidade mórbida de me ver inerte dentro do caixão. Embora atordoado com todo o ocorrido e sem conseguir fixar meu pensamento em nada eu sentia isso de alguma forma.
O sofrimento sincero de mamãe contrastava com as conversas banais e malidicências dos pequenos grupos que se espalhavam pelos cômodos da casa durante a despedida de meu corpo.
Embora minha vontade fosse de sair daquele ambiente, de correr pelas ruas, e respirar o ar puro das pequenas e arborizadas ladeiras do bairro, algo me prendia naquele lugar. Não me afastava mais que poucos passos de meu corpo sem vida, e a simples visão do mesmo me dava náuseas e repulsa.
Permaneci quase toda a noite sentado, no chão, em um canto da sala onde meu corpo era velado. Aos poucos percebi que uma substância escura e fétida escorria incessante pelo orifício de minha tempora causado pelo projétil que me ceifara a vida. Minhas roupas e corpo estavam enxarcadas por essa substância. A media que o tempo passava tudo a meu redor parecia mais escuro e gélido, aos poucos comecei a perder a noção do tempo e já não conseguia destinguir se ainda era noite ou dia... tudo não passava de escuridão, de frio, de sombras.
(continua)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

MENSAGEM DE BOAS VINDAS

Este blog, ainda em fase de testes, se dedica a análises e discussões de acontecimentos do dia a dia, que geram revolta, desconforto ou um mal estar em sua vida, onde o foco principal está na opinião dos participantes.